sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

FÉRIAS APRISIONADAS E APAIXONADAS

No começo me senti uma prisioneira. Por escolha, mas prisioneira. Queria ficar, mas queria sair de lá. Vivi uns dias em conflito. “Não sei se vou, não sei se fico. Se fico aqui, se fico lá....”

No fim me senti apaixonadamente aprisionada pelo lugar. Não quis voltar. Não quis mais sair, só ficar... Tinha escolhido ficar, mas tive que voltar...

Vou explicar. O negócio é o seguinte: Passei anos da minha vida pensando em escrever um livro ou artigos para que outros pudessem ler. Quando falo outros, me refiro especialmente aos amigos e família, porque nunca pretendi fazer dos meus escritos “uma coisa grande”, ao contrário, queria coisas simples. Mas, nada técnico, nada sobre engenharias... Algo sobre a vida, algumas coisas vividas ou sobrevividas por mim, talvez, nada muito certo...

Eu tinha um plano que se resumia aonde eu iria escrever esse “livro”. Mesmo sem saber o tema, eu sabia que queria escrever olhando pro mar, ou um rio, uma lagoa, talvez... Olhando pra água, enfim. Muitas vezes sonhei em ficar uns dias na casa de meu irmão na Lagoa do Bonfim. Lá seria meu refúgio onde eu soltaria ou libertaria da minha cabeça todas as idéias e pensamentos e pedaços de vida vivida que queriam estar num papel, histórias que meus netos poderiam conhecer.

Começo de Búzios (ou Fim de Pirambúzios?)

Mas, nunca tive tempo ou nunca tive coragem. Em começos de 2010, tive o privilégio de, após 32 anos de UFRN, poder me aposentar (odeio esse termo). A UFRN foi uma grande experiência de vida, grande e prazerosa, "enquanto durou". De toda forma, continuei trabalhando em assessorias e consultorias... Mas, não é disso que quero falar. Tenho essa mania de divagar, de sair de uma história e entrar noutra... Penso demais, e talvez por isso escreva demais. Realmente, sei que não tenho o dom da linguagem jornalística, objetiva e concisa.

Finalmente, escolhi passar o mês de janeiro na praia pra escrever. Escrever o que? Sei lá, tinha um monte de coisas na minha cabeça. Sabia que, de preferência, escrever sobre minhas viagens. O meu livro do Caminho de Santiago já estava escrito, e estava sendo revisado e editorado. Esse eu escrevi assim que voltei do Caminho em 2009, num só fôlego, no meu apartamento que dá pra ver o mar, mas sem nem pensar nisso... Algumas crônicas escritas em NYC, também foram escritas porque tinha tempo livre e assunto diário...

Com a praia escolhida, optei por uma pousada bem legal perto da casa de meu irmão João. Pra lá levei comigo meus pés, pra caminhar diariamente, e minha bike, pra pedalar eventualmente. Minha cabeça também foi, claro, porque sem ela não poderia escrever. Minha alma e meu coração resolveram se esconder por alguns dias o que tornou menos fácil libertar minhas histórias e transferi-las para o papel, ou seja, para o lap top. Talvez por isso tenha me sentido prisioneira. Mas já contei essa história nesse blog (“Prisioneira por Escolha”).

Vista da praia desde a Pousada.

Com uma cabeça cheia de razão pra ficar e com um coração cheio de emoções pra duvidar, permaneci “entre a cruz e a espada”, até que, “de repente não mais que de repente...”, ao contrário dos versos de Vinicius, do pranto fez-se o riso e do vento fez-se a calma, e eu escrevi.

E eu consegui ficar calma, sem querer sair pra algum lugar. E sem querer sair pra qualquer canto, e em qualquer canto não querer ficar, consegui nessa calma, me ouvir. E escrever. E ver o mar.

Como diz o matuto eu “desarnei” e comecei a historiar.

Agora, sinto falta da prisão escolhida, onde ao acordar via o mar, o céu, o sol e as pedras. Ao dormir, via o mar, o céu e as estrelas, e as pedras. As pedras que ficaram no caminho, ficaram na paisagem que ficou mais bonita. E eu consegui escrever muita coisa sobre minhas viagens.

E agora tenho mais essa viagem. A viagem da praia...

Vista da Praia e do jardim da casa de meu "brother", em Pirambúzios.

Na pousada, ao entardecer.
Um Brinde!


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