terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

CANAL DU MIDI BY BIKE: COMO TUDO COMEÇOU…

Em meados de 2006, li numa revista sobre o Canal de Midi, no sul da França. A revista era uma Marie Clair, da minha mãe, e a reportagem se intitulava “No Ritmo das Águas”. Na época, eu e San, tínhamos um mural aonde colávamos todas as crônicas sobre viagens interessantes e que pensávamos fazer algum dia. 

Encontrei recentemente essa mesma reportagem na internet, no site http://editora.globo.com/especiais/2007/especialfranca/rep01.html. Vale à pena ler!

Num primeiro momento pensei em fazer o Canal de Midi de barco, especialmente uma pénichette, como recomendava a reportagem. Fiquei apaixonada pelas fotos e todo ano “sonhava” em fazer a tal viagem. Mas, tínhamos outras prioridades de viagens... A reportagem permanecia no mural e nada de planos concretos.

Péniches (tipos de barcos) no Canal (www.canaldumidi.com) 

Barco com Bikes no Canal de Midi
 (http://editora.globo.com/especiais/2007/especialfranca/rep01.html
Em 2009 decidimos fazer um trecho do Caminho de Santiago. Na época do planejamento, Santiago (my husband) torcia um pouco por fazê-lo de bicicleta, visto que uns colegas já haviam feito dessa forma, e porque ele era (e é) um “pedaleiro” de “todo dia”... Convenci-o a fazer a pé, por diversos motivos. Um deles: por algumas trilhas que fazem parte do verdadeiro Caminho, só se consegue ir a pé.

Após o Caminho, já estávamos pensando mais concretamente em outra viagem de “aventura” e elegemos o Canal de Midi. Como tenho a mania de planejar em detalhes as nossas viagens, vi que além de barcos, as bicicletas eram outro meio escolhido pra cruzar o sul da França, beirando esse canal. Percebi, então, uma forma de “compensar” Santiago por ter cedido, ou compreendido, em fazer o Caminho de Santiago a pé. Dessa vez, iríamos de bike, até porque a essas alturas, a bike já fazia também parte da minha vida, não diária, mas de alguns fins de semana!

Foram seis dias de pedal, de Toulouse a Sète, e mais dez dias “sem bike” entre Sète, Bordeaux e Toulouse.

Pessoal pedalando pelo canal de Midi (www.canaldumidi.com) 

Para chegarmos a isso, fiz todo um plano. Pesquisei na internet, comprei livros, ganhei livros de presente, fiz slides, discuti com Santiago e com amigos que haviam morado na França, etc. e tal. Escolhemos os trechos de cada dia e os hotéis. Até alguns restaurantes foram reservados previamente.

Eu com minha bike na mala-bike, pronta pra viagem!
Como eu prometi no meu texto “VIAGENS BY BIKE – O COMEÇO”, contar no mínimo seis “contos” relativos a essa viagem, vou fazer isso. Começo com esse primeiro, que não é bem um “conto”, mas bem uma explicação sobre o canal, um pouco de história.

O Canal du Midi foi construído para ligar o Oceano Atlântico ao Mar Mediterrâneo. Na época, os franceses para comercializar seus produtos e chegar ao mediterrâneo tinham que passar pela costa espanhola, ou seja, três mil quilômetros de dificuldades incluindo o aparecimento de barcos piratas. Para evitar o estreito de Gibraltar e a navegação em águas abertas,  Pierre-Paul Riquet idealizou e projetou o canal.


O rio Garonne, que começa no Atlântico, passando por Bordeaux, ia somente até Toulouse. Logo, o Canal parte de Toulouse e vai até Agde (Lagoa de Thau), com duzentos e quarenta quilômetros. Para chegar ao Mediterrâneo tem mais uns trinta quilômetros, seguindo pelo Canal de Rhône que liga Thau a cidade de Sète, chamada "a Veneza de Languedoc" (ver mapa acima).

Algumas cidades "a beira" do Canal du Midi.

Atualmente, ao lado do Canal Du Midi, muitas pessoas pedalam no antigo chemin de halage (caminho usado antigamente para pessoas e cavalos puxarem os barcos, quando não havia vento). O canal fica noventa por cento embaixo de árvores (platanes), ou seja, na sombra!

Platanes (tipo de árvores) no Canal.
Ao longo do canal encontram-se em torno de noventa comportas (écluses), subindo e/ou descendo (no total, cento e noventa metros). São mais de trezentas obras, incluindo as comportas, pontes/aquedutos, túneis e barragens.

Écluse no Canal (www.canaldumidi.com) 
Considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO, o Canal levou catorze anos para ser concluído, poucos meses após a morte de seu idealizador. Inaugurado em 1681, ligando o Mediterrâneo ao Atlântico, foi um importante fator de progresso para a região de Languedoc-Roussillon ao aproximá-la do Atlântico e promover a exportação dos vinhos e tecidos do Sul da França. Hoje é usado por turistas e para o lazer dos franceses, tanto nos barcos como a pé, de bike ou até de patins. Muitos percorrem o Canal inteiro, outros apenas passeiam nos trechos próximos de onde vivem.

O Canal atravessa o sul da França pelas regiões de Midi-Pyrenées e Langedoc-Roussillon.

Toulouse é a cidade mais conhecida do Midi-Pyrenées. As cidades de maior destaque do Languedoc são Nîmes, Montpellier, Sète e Bézier e as do Roussillon são Narbonne, Carcassone, Minervois, Saint-Hilaire e Limoux.

Ao longo do Canal se pode observar uma bela rota do vinho no Sul da França. Várias cidades à beira do Canal oferecem degustação, muitas vezes gratuita, e encontram-se diversos bons restaurantes por todo o percurso.

Toulouse (http://pt.cityguide.diamscity.com/guia-franca/fotos-toulouse,cityguide_p,103158100X001XptX4200X.html)
No primeiro dia pedalamos de Toulouse a Castelnaudary. Foram setenta quilômetros, incluindo saídas para conhecer outras cidades ao longo do canal, como Avignonet. No segundo dia foram cinqüenta quilômetros, incluindo a subida para Carcassonne (de Castelnaudary a Carcassonne). No terceiro dia, pedalamos mais quarenta e cinco quilômetros (de Carcassonne a Homps) e, no quarto dia, quase cinqüenta quilômetros (de Homps a Capestang). No quinto dia foram mais quarenta e oito quilômetros (de Capestang a Vias) e no sexto dia e último dia "de pedal", pedalamos em torno de quarenta quilômetros (de Vias até Sète).

Sète (http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sete_France.jpg)
Os “contos” de cada dia "de pedal" virão depois.

Por enquanto, deixo, a seguir, alguns sites e livros interessantes para quem quiser conhecer melhor o canal de Midi.

Livros:

THE CANAL DE MIDI, BIKING. Phillippe Calas.
CYCLING THE CANAL DU MIDI. Declan Lyons.
À PIED, A VELO: CANAL DU MIDI. Jean-Yves Grégoire.
LE CANAL DU MIDI. MSM.

Sites (Canal):


Vinhos do Canal:







2 comentários:

  1. Estou ansioso pelos "próximos capitulos".Parabéns pela matéria. abraço e boas pedaladas.R Mauro.

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  2. Olá! Os outros capítulos já estão postados! Obg. e boa leitura!

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